SETEMBRO
Setembro vem de Septem, que
em latim significa "sete". Era, portanto, o sétimo mês do calendário
antigo. Parece que temos aqui um falso “sete” que atualmente é “nove”.
No quintal o castanheiro-da-índia, talvez por estar afastado do seu
habitat original, é o primeiro a ficar despido de folhagens. O calendário
está-lhe na seiva e não falha aos sinais, ainda débeis, dos raios solares
novamente em percurso de declive.
As andorinhas começam a ensaiar a longa viagem, estão de abalada para
locais mais quentes. Todos os pássaros já procriaram e as suas crias já estão
preparadas para enfrentar o futuro.
Comem-se as últimas sardinhas assadas que já cheiram a saudade. À
noite o ar com aroma salgado da Costa do Norte rasga os restos de calor e
faz-nos sentir falta de um agasalho para aconchegar os corpos que já respiram
saudades de se vestir de mar.
É tempo de olhar para o chão. As formigas intensificam a sua azáfama
porque o tempo de amealhar urge. Neste hemisfério e nesta latitude aproximam-se
tempos de escassez. As formigas combatem a suas vulnerabilidades com sapiência
aforradora e constroem palácios subterrâneos. Lutam contra o tempo cumprindo
também o seu calendário.
Nesta altura apetece perguntar porque é que o tempo comanda a vida?
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