segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Calendário 2014_JANEIRO



Fastos

 Tábuas cronológicas dos antigos romanos.

 Registos públicos onde se consignavam os atos e acontecimentos memoráveis.

 [Figurado] A história; anais.

2014

Calendário

Recordação da viagem a Sines

Fasti, -orum (m. pl.), inicialmente estes Fasti marcavam apenas os dias festivos dedicados aos deuses mitológicos. Na obra de Ovídio, entretanto, o calendário assume uma característica mais abrangente. Nele serão anexadas também datas nacionais, isto é, datas festivas que o Senado incluiu no calendário. Deste modo, os Fastos vão abarcar tanto os registros das festas religiosas quanto das festas cívicas, constituindo-se num calendário poético religioso-romano. A obra poética de Ovídeo ficou incompleta só tem 6 volumes correspondentes a 6 meses.

Calendae era o nome dado pelos romanos ao primeiro dia de cada mês e significa “dia de pagar as contas” que origina calendário.

Um fastos ou calendário é uma espécie de mapa que condensa a respiração dos seres, sincronizada com os duplos movimentos da terra, dança sedutora que acolhe os sémenes solares de luz e calor gerando assim, nos seus territórios, os dias e as noites e as estações desse acasalamento de ciclo anual. Nessa dança, a gravidade da terra arrasta com ela a lua que povoa as noites de mistério.

Longe de nós ficam os deuses e as figuras que, em Roma, consideravam ilustres. Serviram-nos apenas como ponto de partida, para divagarmos numa mistura aleatória de pretextos ter uma recordação da viagem a Sines em 2013

É também um convite para fazer a sua “tábua” com os acontecimentos que considere dignos de registo com os FASTOS, mais do que os nefastos, que entender memoráveis em 2014.

Um calendário é uma oferta de antecipação do futuro sugerindo que, com esta prolepse possamos domar, um pouco, a fera que cada um tem dentro si.

 

JANEIRO

O nome atual vem de Januarius e é uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregue de iniciar o inverno e o verão. Por outro lado o nome do deus Jano vem de ianitor que quer dizer porteiro, aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo. Segundo a mitologia romana e também etrusca, Jano é o deus dos inícios, das decisões e escolhas.

As representações de Jano são geralmente com dupla face orientadas em direções opostas. Simbolizam o passado e o futuro e o dualismo relativo de todas as coisas. Jano preside a tudo o que se abre, é o deus tutelar de todos os começos; rege ainda tudo aquilo que regressa ou que se fecha, sendo patrono de todos os finais.

Posto isto, reconheço que uma porta tem uma amplitude de existência sobre a qual deveríamos refletir. As suas duas faces permitem-lhe ter acesso simultâneo ao que lhes é interior e ao que lhes está de fora, ao que sai e ao que entra. Podem ainda mudar o ângulo de visão e usufruir das múltiplas maneiras do que se passa à sua volta. Por tudo isto invejo as portas.

Janeiro convida para olharmos as questões de todos os lados e mede a espessura entre o pretérito e o futuro.

A portada da janela estava entre aberta. Tentei perscrutar o que estava ao seu alcance. Apesar de presa à parede confirmei a sua graciosa mobilidade com o movimento que as dobradiças não lhe negam. Sabia que a olhava com outros olhos e senti na textura do seu corpo de madeira a alegria do meu reconhecimento.

Reforcei essa empatia dizendo-lhe: - Graças ao significado da origem do nome do deus Jano deixas-te de ser apenas uma portada para seres o símbolo da impossibilidade possível de se tentar alcançar a coerência contemplando em direções opostas.