Fastos
Tábuas cronológicas dos antigos
romanos.
Registos públicos onde se
consignavam os atos e acontecimentos memoráveis.
[Figurado] A história; anais.
2014
Calendário
Recordação da viagem a Sines
Fasti, -orum (m. pl.), inicialmente estes Fasti
marcavam apenas os dias festivos dedicados aos deuses mitológicos. Na obra
de Ovídio, entretanto, o calendário assume uma característica mais abrangente.
Nele serão anexadas também datas nacionais, isto é, datas festivas que o Senado
incluiu no calendário. Deste modo, os Fastos vão abarcar tanto os
registros das festas religiosas quanto das festas cívicas, constituindo-se num
calendário poético religioso-romano. A obra poética de Ovídeo ficou incompleta
só tem 6 volumes correspondentes a 6 meses.
Calendae era o nome dado pelos romanos ao primeiro dia de cada
mês e significa “dia de pagar as contas” que origina calendário.
Um fastos
ou calendário é uma espécie de mapa que condensa a respiração dos seres,
sincronizada com os duplos movimentos da terra, dança sedutora que acolhe os
sémenes solares de luz e calor gerando assim, nos seus territórios, os dias e
as noites e as estações desse acasalamento de ciclo anual. Nessa dança, a
gravidade da terra arrasta com ela a lua que povoa as noites de mistério.
Longe de nós ficam os deuses e as figuras que, em Roma, consideravam ilustres. Serviram-nos apenas como ponto de partida, para divagarmos numa mistura aleatória de pretextos ter uma recordação da viagem a Sines em 2013
É também um convite para fazer a sua “tábua”
com os acontecimentos que considere dignos de registo com os FASTOS, mais do
que os nefastos, que entender memoráveis em 2014.
Um calendário é uma oferta de antecipação do
futuro sugerindo que, com esta prolepse possamos domar, um pouco, a fera que
cada um tem dentro si.
JANEIRO
O nome atual vem de Januarius
e é uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregue de iniciar
o inverno e o verão. Por outro lado o nome do deus Jano vem de ianitor que quer dizer porteiro, aquele
que comanda as portas dos ciclos de tempo. Segundo a mitologia romana e também
etrusca, Jano é o deus dos inícios, das decisões e escolhas.
As representações de Jano são geralmente com dupla face orientadas em
direções opostas. Simbolizam o passado e o futuro e o dualismo relativo de
todas as coisas. Jano preside a tudo o que se abre, é o deus tutelar de todos
os começos; rege ainda tudo aquilo que regressa ou que se fecha, sendo patrono
de todos os finais.
Posto isto, reconheço que uma porta tem uma amplitude de existência sobre
a qual deveríamos refletir. As suas duas faces permitem-lhe ter acesso
simultâneo ao que lhes é interior e ao que lhes está de fora, ao que sai e ao
que entra. Podem ainda mudar o ângulo de visão e usufruir das múltiplas
maneiras do que se passa à sua volta. Por tudo isto invejo as portas.
Janeiro convida para olharmos as questões de todos os lados e mede a
espessura entre o pretérito e o futuro.
A portada da janela estava entre aberta. Tentei perscrutar o que
estava ao seu alcance. Apesar de presa à parede confirmei a sua graciosa
mobilidade com o movimento que as dobradiças não lhe negam. Sabia que a olhava
com outros olhos e senti na textura do seu corpo de madeira a alegria do meu
reconhecimento.
Reforcei essa empatia
dizendo-lhe: - Graças ao significado da origem do nome do deus Jano deixas-te
de ser apenas uma portada para seres o símbolo da impossibilidade possível de
se tentar alcançar a coerência contemplando em direções opostas.