Laos, Viantiene a
Pakse – Uma viagem de loucos
No percurso de
Viantiene a Kong Lor Cave as montanhas, corpos rochosos de calcário
negro, estão enquadradas numa paisagem verde dos campos de arroz.
Pernoitámos no
River Resort situado a cerca de 2 Km das Kong Lor Cave. Espaço muito
agradável, com habitações construidas sobre estacas de madeira
junto ao rio. Turistas maioritariamente jovens.
Quem quiser visitar
Kong Lor Cave aconselhamos que reserve, pelo menos, dois ou três
dias para recuperar as forças perdidas para aí chegar. Não faz
sentido apenas pernoitar uma noite num lugar que, para daí sair, se
tenha de percorrer dezenas de km em estradas difíceis. Acabámos por
não visitar as Kong Lor Cave porque, nesse dia, tínhamos pela
frente 500 Km para chegar a Pakse.
Nesses intermináveis
Km, passámos por Thakhaek e Savanna Khet, cidades de influência
francesa dos princípios do séc XX, para as quais não houve tempo,
disposição e forças para as conhecer minimamente. Na primeira
almoçámos e na segunda visitámos uma stupa.
Chegámos a Pakse
por volta das 20,30h depois de 12 horas de viagem completamente
exaustos.
Confiámos na
agência a quem comprámos o aluguer de carrinha e motorista e
passámos dois dias com um ritmo de papa-léguas que nem tontos a
colecionar sítios. Enfim, assim sem tempo para o tempo que a
experiência sempre precisa fomos engolindo tudo sem mastigar. O que
também não deixa de ser uma experiência que enfatiza o ritmo que
temos entranhado e do qual tentamos a ilusão de fugir nas ditas
férias.
Nem de propósito
recebemos de um ausente viajante uma mensagem com a seguinte citação:
“A viagem é a fidelidade do sedentário, que confirma em toda a
parte as suas raízes e os seus hábitos e procura enganar, com a
mobilidade do espaço, a erosão do tempo, para repetir sempre as
coisas e os gestos familiares: pôr-se à mesa, conversar, amar,
dormir.” Claudio Magris, Danúbio.
Progressivamente o
ritmo foi acalmando.
Em Si Pham Dom (4
mil ilhas), na localidade de Muang Khong, lugar onde o rio Mekong é
forte, agressivo e com uma força de corrente impressionante o ritmo
mais lento dos nómadas equilibrou a vertigem do sedentário.
Devido à morfologia
do terreno e à sua extensão, não se consegue ter uma visão deste
grande conjunto de ilhas. No fim da manhã regressámos à estrada
número 13, em direção a Pakse, com paragem para almoçar numa
aldeia de pescadores, junto ao rio, onde comemos peixe frito (Por)
retirado de um cesto de bambu mergulhado no rio.
Para passarmos para
a outra margem do Mekong em direção a Champassak, a carrinha que
nos transportava encaminhou-se para uma jangada de madeira que usava
como flutuadores uma antigas barcaças. Nós e mais um casal de
mochileiros chegámos à outra margem em pouco mais de 15 minutos,
naquele artesanal engenho.
Reconfortante foi
chegar ao complexo religioso do séc. XII, Wat Phu, em Champassak
onde pernoitámos num excelente Resort à beira do Mekong.
No dia seguinte
deambulámos pelo planalto de Bolaven. Cascatas de Tad Yuang e Tad
Fane.
Paragem em Phasuam,
quedas de água inseridas, desde 1999, num complexo que integra cerca
de 13 tribos. Esta vila étnica surgiu depois de o governo do Laos
ter convidado, em 1996, o empresário Tailandês, a investir no
turismo desta região. Este empresário, que conhecemos no
restaurante do aldeamento, acabou por contrair a malária que lhe
provocou perda de visão.
Terminámos o dia
com uma incursão por plantações de café de que esta região é
grande produtora.
E assim nos
despedimos do Laos pois, no dia seguinte, fizemos a viagem de avião
até Siem Reap, no vizinho Camboja.