terça-feira, 8 de novembro de 2022

Jordânia - Depois da viagem : Rostos nas pedras

 Rostos nas pedras

Depois da viagem se espraiam no areal das rememorações as ondas que se foram formando com tudo o que nos foi despertando a atenção. 

As erosões moldam formas nos blocos de arenito mas é o olhar do observador que cria o que configuram.

I.R.S.


                        



                    


                        






 

domingo, 6 de novembro de 2022

Jordânia - Al Karak a Amã

 De Al Karak a Amã 


Depois da religiosa sexta-feira (dia de descanso para esta cultura) com actividade comercial muito reduzida, iniciámos o regresso a Amã, no sábado com a rotina habitual. No percurso pela “estrada do Rei” a passagem por aglomerados habitacionais foi mais frequente e na maior parte das ruas apenas circulavam homens. 

À medida que a ausência de mulheres foi sentida passou a ser quase obsessivo tentar encontrar uma. Nas zonas onde os turistas confluem essa ausência atenuava-se. 

Nos campos repetiam-se os quintais repletos de oliveiras cercados por muros protetores dos muitos rebanhos de cabras que respigam tudo o que de vegetal se atreva a espreitar os raios solares. Nos sítios mais inóspitos uma tenda e um rebanho.





A primeira paragem foi na cidade sagrada e histórica Ar Rabba, esteve sob o domínio do rei Mesa (sec.IX AC). Alexandre o Grande em meados do sec. IV AC ocupou a cidade e mais tarde os nabateus dominaram-na entre os séculos II AC e o II DC. Depois os romanos sediaram ali o seu governo Árabe.

Nas ruínas do templo romano, do séc. III DC, foram encontrados dois nichos que continham estátuas dos imperadores romanos Diocleciano e Maximiliano. Nesta área arqueológica podemos encontrar vestígios de vários edifícios romanos e bizantinos. Tudo isto está muito mal sinalizado, sem identificação e sem legendas das peças já escavadas.

A uns quilómetros daqui, seguindo pela “Estrada do Rei”, surge-nos o desfiladeiro de Wadi Mujib. É um grande espaço de montanhas rochosas, pontuado com pequenas árvores e onde, por vezes, surgem uns arbustos. Por entre planaltos, penhascos e desfiladeiros habitam, a par de outros animais da montanha, espécies raras de gatos e cabras.

São grandes as diferenças de altitude, variam entre 900 metros acima do nível do mar e os 400 m abaixo do nível do mar numa região próxima do Mar Morto.

Wadi Mujib, conhecido na Bíblia como Rio Arnon, é um rio que percorre o desfiladeiro e deságua no Mar Morto abaixo do nível do mar.

A Reserva de Wadi Mujib, foi criada em 1987 e em 2011, a UNESCO declarou-a reserva da biosfera.




A cidadela de Jabel domina toda a cidade de Amã nos seus 850m altitude. Dentro das muralhas encontramos um amplo campo arqueológico: o Templo de Hercules, o palácio Omeya, teatro, cisterna de Omeya, Basílica Bizantina, museu da Jordânia, casa das artes/arte contemporânea.

A extensa cidade de Amã desenvolve- se em torno da imponente colina onde, lá no alto, se impõe a cidadela. Um imenso casario, em tons de areia, cobre completamente os montes que contornam a cidadela. 

Na zona baixa o frenesim das pessoas e das actividades comerciais mistura-se com o barulho das buzinas de um trânsito completamente caótico.





As mulheres Jordanas, na capital e nas cidades de maior afluência turísticos, circulam nas ruas umas com burca (poucas), bastantes com lenço a tapar a cabeça e pescoço e, com alguma frequência, surgem umas com os cabelos descobertos. Vêem-se também, pequenos grupos de mulheres onde se misturam as diferentes modos de vestir. Agradável esta atitude de cada uma usar o que entende.







L. S. & I.R.S.





Jordânia- Wadi Run a Al Karak

 WADI RUN a AL KARAK

Dormir no deserto tem um encanto especial.

Silêncio e um céu estrelado como não se encontra em outros lugares.

O acordar bem cedo é quase obrigatóriopara poder usufruir de uma luz matinal que realça os contornos das montanhas que sobressaem da areia laranja aveludada que o compõe.

Saídos do acampamento após o pequeno almoçoem direção á vila de Wadi Rumonde nos esperava o carro em que nos temos deslocado ao longo do todo o trajeto e ali estacionado, mesmo em frente da casa do nosso guia.

Tomamos a estrada em direção a KARAK, quando paranosso espanto, poucos quilómetros adiante, deparamos com uma estação de caminho de ferro abandonada e diante da mesma, um comboio dos princípios do século passado.

Este comboio afinal esteve ligado aos acontecimentos, que decorreram da Revolta Árabe de 1917, retratado porLaurence da Arábia.

Este comboio inicialmente movido a vapor e mais tarde modificado para mover-se a diesel, era utilizado na ferrovia de Hejaz, que foi construída pelos otomanos entre 1900 e 1908, principalmente para facilitar a peregrinação aos lugares sagrados muçulmanos.

Com a revolta árabe e a retirada dos otomanos, ele ali ficou até aos dias de hoje completamente abandonado.

Prosseguindo a nossa viajem voltamos à estrada do deserto – quilómetros de estradas inóspita sem vegetação ou ponto de interesse.

A meio do trajeto desta estrada com um desvio de cerca de 2 Km encontra-se a vila de Ma’na, ao que consta com a quase totalidade dos seus habitantes são muçulmanos, que para aqui se deslocaram no Século passado, aquando da vinda do Seik Abdullah em 1920.

Retomamos o percurso e passado hora e meia de caminho chegámos a KARAK

Depois do breve almoço e após deixarmos as bagagens no hotel, partimos á visita do imponente Castelo de KARAKque foi erguido há cerca de três mil anos, situado junto da célebre estrada do Rei.

A sua posição estratégica no caminho para Jerusalém foi o motivo pelo qual os cruzados Francos aqui permaneceram entre 1142-1188.

Seguiram-se os Aiúbidas do Rei Saladino entre 1188-1264e os Mamelucos por mais 250 anos.

Os estilos europeus, bizantinos e árabe, são bem visíveispelo que resulta de uma sobreposição de estilos, que refletiam as culturas dos seus ocupantes.

Este castelo é o segundo maior da Jordânia.

Helder T. 










sábado, 5 de novembro de 2022

Jordânia - Wadi Rum

 Wadi Rum


A viagem de Aqaba até ao Vilarejo de Wadi Rum demorou cerca de 1h15m.
Nas instalações da Bedouin Roads  encontramo- nos com o nosso guia, conforme combinado.
Após um chá e arrumarmos as nossas mochilas, lá arrancamos para o deserto de Wadi Rum, uma área com mais de 700 km2, onde lutou durante a revolta árabe Lawrence de Arábia, ao lado dos árabes contra os otomanos.
Rapidamente percebemos porque Wadi Rum também é conhecida por Vale da Lua. De fato parece que entramos noutro mundo. Areias vermelhas, rochas monumentais com as mais diversas formações, aonde ainda podemos encontrar algumas pinturas rupestres.
Vimos as pontes de pedra, fruto de formações geológicas com milhões de anos - a litle rock, a jabel burdah e a Um Fruth bridge . Subimos a duna de Wadi Um Ishrim, apreciamos numa outra jovens que se divertiam a fazer sandboard. Passamos pela casa aonde viveu Lawrence de Arábia. Subimos e descemos canyons. E como não podia deixar de ser assistimos, sobre uma rocha, ao por do sol!
O nosso polivalente guia - condutor, guia e cozinheiro - preparou-nos um óptimo almoço. Acendeu uma fogueira aonde fez um belo estufado de legumes, fez húmus de beringela, uma salada arábica e serviu um queijo e pão naan.
O acampamento beduíno aonde dormimos era ótimo. Áreas comuns de um lado - sala de estar e de refeições, área de preparação de alimentos e instalações sanitárias com duche. Do outro lado tendas para dormir. O jantar beduíno incluiu um assado cozinhado durante 2 horas debaixo de areia.

MES 













Jordânia- Aqaba

 Aqaba

O golfo de Aqaba faz parte do Mar Vermelho, a oeste temos Israel e mais a sul o Egipto. A leste fica a Jordânia e mais a sul a Arábia Saudita. 

Na Jordânia existem praias públicas e privadas, estas são geridas pelos hotéis e frequentadas maioritariamente por turistas estrangeiras. Se nas praias públicas frequentadas por locais estes tomavam banho vestidos, nas privadas não havia limites ao uso dos fatos de banho ocidentais. Se bem que nas públicas também vimos ocidentais vestidos de biquínis, ainda que isso possa provocar alguns constrangimentos nas duas partes. Optamos por frequentar uma praia privada que nos custou 13 dinares jordanos, com direito a toalha, duche e espreguiçadeiras. Nessa praia, sem ondas e de águas quentes onde nelas tivemos oportunidade de observar o fundo do mar com peixes e corais. Surpreendentemente os corais estavam relativamente preservados. Junto à praia os terrenos não construídos são aproveitados para hortas muito bem organizava-se viçosas de ervas de cheiro e outros legumes 


a. de Freitas






  




             






sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Jordânia - Petra

 Petra 2 - Do poder da água ao poder das mãos 

O poder da água determinou a atração deste local e o poder das mãos foi traduzindo o pensamento dos vários povos que a habitaram, moldando os seus testemunhos nas vermelhas pedras de Petra. 

A dureza rochosa deste monumental complexo ganhou forma, ao longo de muitos séculos, moldada pela suavidade do poder da  água e pela fragilidade de milhares de mãos.


Iniciámos a nossa visita a partir do “Visitor Center”, junto ao Museu, pelas 7,30h da manhã. 

Mergulhámos no Siq (desfiladeiro) com entusiasmo, desembocamos no Al-Khazneh (Tesouro) passámos pela rua das Fachadas (mausoléus), teatro, grande templo, igreja bizantina, castelo (Al-Bint) e Triclinio de Lion local onde começa a íngreme  subida, de 40 minutos, até alcançarmos, pelas 14,30h, no cume do planalto, o Mosteiro Ad Deir.








O edifício de arenito de Ad Deir (Mosteiro) é uma das maiores estruturas do complexo rochoso de Petra com os seus impressionantes 48 metros de largura por 47 de largura, cuja construção remota ao início do séc II d.C.. A sua fachada apresenta inúmeras semelhanças com o edifício funerário Al Khazneh (o Tesouro). Inicialmente usado para fins religiosos do reino Nabateu, foi posteriormente utilizado pela igreja cristã. Os símbolos da cruz gravada no seu interior testemunham esse fim. 






Um trilho ...uma aventura


Aqui chegados tínhamos duas hipóteses para regressar: fazer o percurso inverso ou percorrer o caminho que nos levaria a um transporte feito por motoristas locais que nos levaria até Little Petra para apanharmos o “free shuttle” que o “Visitor Center” põe ao dispor dos visitantes.


Optamos pela segunda hipótese. Até aqui tudo bem e demos início à caminhada. 

Passados alguns minutos verificámos que estávamos fora do trilho, voltamos um pouco para trás e seguimos na direção certa, mas o ponto que queríamos atingir não se vislumbrava. Já decorria cerca de 30 minutos a trepar penhascos, quando fomos informado por duas turistas que vinham em sentido contrário, que o primeiro troço do nosso objetivo de chegada estava a mais de uma hora de caminhada. O ânimo do grupo alterou-se. Entretanto cruzámo-nos com um jovem beduíno a oferecer transporte de burro mas apenas a um elemento do grupo. Não chegámos acordo quanto ao preço pedido e continuámos a caminhada juntos. Entretanto passaram mais dois grupos em direção contrária e todos, em momentos diferentes, nos informavam que faltavam mais 40 minutos. Mais à frente encontramos três jovens italianos que eram acompanhados por um guia beduíno que nos disse que estávamos a cerca de meia hora do local, mas... o transporte que nos levaria a Little Petra terminou às 15 horas e, portanto teríamos mais duas de caminhada. Já passavam alguns minutos das 16 horas e a noite na Jordânia chega cedo. Agora só tínhamos uma hipótese: seguir em frente. O caminho acidentado com constantes subidas seguidas de simétricas descidas estavam a tornar-se mais penosas. A passagem por nós de grupos em sentido contrário foi relativamente constante. No nossa direção, apenas um jovem casal passou em passo acelerado. Um pouco depois obtivemos a informação que estávamos perto do ponto intermédio desejado, faltavam um pouco mais de 15 minutos. Um dos nossos munido dum potente binóculo conseguiu distinguir, ao longe num planalto, uma pequena camioneta cuja caixa continha quatro filas de bancos protegidos por uma capota de lona. A esperança voltou. Como era necessário assegurar esse transporte o nosso companheiro zarpou em passo largo para comunicar ao motorista beduíno que haviam quatro pessoas a caminho e que estavam prestes a chegar. Dez minutos depois a carrinha partiu em direção a Little Petra. Deixámos para trás quase de duas horas de caminhada. Finalmente, por volta das 5,30h , zarpámos, no último “free shuttle” do dia, em direção a Wadi Musa (“Visitor Center”).

Um bom banho e um belo jantar foi o nosso prémio de consolação.








Como visitar Petra, sugestões:


1-A bilheteira abre às 6.30. Devem chegar o mais cedo possível, entre as 7h e as 8h. É vantajoso terem o “Jordan Pass”;


2- Para quem tem um dia para a visita, poderão iniciá-la a partir do “Visitor Center”, subir até ao mosteiro e regressar ao ponto de partida. Outra hipótese é tomar em “Visitor Center” um “free shuttle” (grátis) até “Little Petra”, daí para chegarem ao mosteiro deverão negociar com um motorista local que os levará a um ponto intermédio, a seguir caminharão (cerca de 1.30h) até ao mosteiro. Depois terão de caminhar durante 30 a 40 minutos até começarem os caminhos mais suaves a partir  “Lion Tricliuiun”. A partir daqui até ao Siq (desfiladeiro) a caminhada é mais fácil e os pontos de interesse mais abundantes.


3- Para quem tem entradas para dois dias, poderão no primeiro fazer o percurso que vai da entrada do “Visitor Center até à zona do teatro. Entretanto descansar um pouco na esplanada que se situa no fim da “rua das fachadas” para depois subir ao “altar do Sacrifício e/ou fazer o trilho das tumbas descendo depois junto ao teatro. A partir daqui regressar ao ponto de entrada. No segundo dia iniciar a visita pelo Mosteiro tal como está descrito no ponto 2;


4- É importante levarem roupas e sapatos confortáveis, comida e água. No trilho principal existem muitos ofertas de comida e água.


L. S. & I.R.S.