sábado, 17 de maio de 2014

JUNHO _Calendário 2014


JUNHO

Os Fastos de Ovídio terminam com as referências às festas religiosas realizadas em Junho, Iunius mensis, dedicada à deusa Juno da mitologia romana e Hera na grega. Em Roma esposa de Júpiter e rainha dos deuses. Ela era a guardiã do casamento e do bem-estar de todas as mulheres.

Mas se o mês anterior poderia ser dedicado aos maiores /Maius (aos mais velhos), nada estranho que o mês de Junho tenha origem de iuniores / Iunius (jovens). Segundo os romanos, o mês de Junho provém de iuvenis - jovem. Outra hipótese refere-se ao verbo iungo (jungo), conjugação latina; juntar, unir, reunir, pois foi neste mês que, depois de muitas guerras, os romanos se juntaram aos sabinos após o rapto das sabinas, unindo-se numa só nação. Nesta aceção, Junho viria do verbo iungere. Homenageava-se também neste mês a deusa romana Vesta de caráter muito arcaico que presidia ao fogo sagrado. Mantinha-o acesso e assim unia a alma da cidade e o ânimo dos romanos.

Seja qual for a origem do nome deste mês, aqui estamos no meio da representação do tempo anual onde, já sem deuses, se esvai a catarse pelo desmoronar da tragédia. Ergue-se o drama do zénite como alvorada de próximo e repetido envelhecer de mais um ano.

O espaço do que passou é igual ao que resta. Por isso, em Junho, é bom prolongar os dias e não perder nenhuma gota das luzes que saciem as flores com as águas perdidas de todas as lágrimas.

A glicínia alastra espalhando gaviões de vida e nos aromas dos seus lilases cachos suspensos saem labaredas de energia que as abelhas recolhem.

- Olha que o teu olhar me faz tão bem, ramalhou efervescente. Fiquei encantada com o seu reconhecimento e agradecida pelo bem-estar que me tem dado.  

Se escutarmos bem todas as plantas e flores imploram a nossa dádiva de água e não temos como negar-lhes o prazer de nos reavivarmos mutuamente entrelaçando assim as nossas efémeras vidas em amadurecimento.
 
 

terça-feira, 6 de maio de 2014

As minhas malvas de estimação


As minhas malvas de estimação
Hoje faz 30 dias que o meu amigo partiu e, por isso, será celebrada cerimónia religiosa.

A última flor que me deu foi uma malva. Levou-ma a última vez que me visitou em Sines. “Ir para as malvas” significa morrer. Olho para ela e recebo sempre de volta o seu perfume cativante e nele está guardado o meu amigo.
Gosta de estar onde a coloquei, num vaso grande, por baixo da magnólia. Dela já reproduzi mais sete e todas vingaram para a vida. Umas estão na Fonte Mouro, perto da Ilha do Pessegueiro, num monte soalheiro no Verão e varrido pelas nortadas marítimas no Inverno. Dali o horizonte é largo e a natureza não é meiga. As outras vieram comigo para Lisboa e aqui me farão companhia, no pequeno jardim aconchegadas pelas ameixoeiras.

São flores corajosas e despretensiosas. Obrigada amigo.