JULHO
Chamava-se Quinctilis e era
simplesmente o nome do quinto mês do antigo calendário romano. Até que, em 44
a.C. o Senado romano mudou o nome para Julius,
em homenagem a Júlio César. Como todos os homens de poder raramente são
realmente importantes vamos reportar-nos à primeira origem numérica do seu nome
(ex quinto) e fomos à procura da sua ordem atual, sete.
Parece que o número SETE é sagrado, perfeito e poderoso, atribuindo-se
isto tudo a Pitágoras.
Da rápida pesquisa encontrámos muitos “setes” que
atestam a magia acumulada pelos tempos.
Começando pela
atualidade o jogador número 7, CR, garantiu que, em 2014, Portugal esteja no
mundial do Brasil. Acresce que a independência do
Brasil também aconteceu num dia sete. A
RTP também nasceu no dia 7. Na Grécia havia sete sábios. Também tinham sete
virtudes humanas. Há os pecados capitais que são
quantificados, de acordo com a igreja Católica, em sete. Também têm em oposição
as sete virtudes divinas. Os sacramentos também são sete. Ele
é o número da perfeição divina, pois no sétimo dia Deus descansou de todas as
suas obras. Entre os judeus a conceção do SETE manifesta-se no
candelabro de sete braços (MENORAH). No
Egito listaram-se sete pragas. Há expressão popular “fechado a sete chaves” que
faz jus a este número. São também sete, as notas da escala diatónica. As cores do
arco-íris também são sete. O carnaval ocorre sempre 7 domingos
antes do domingo de Páscoa, e são sempre sete os dias de todas as semanas. Na sueca a carta 7 não é padrão como
as outras e, no dominó jogamos com sete pedras na mão. A Branca de Neve e os
Sete Anões. Diz-se também que o gato tem sete vidas. Há os sete mares. Para além das sete
colinas de Roma também se enumeram em sete as colinas de Lisboa. Em 1923, o "Manifesto das Sete Artes",
listou, pela primeira vez, o Cinema como a "sétima arte".
Mesmo que a enumeração não dê certo com o sete
arranja-se maneira de lá caber o que aspiramos e quando procuramos um número
que dê alguma transcendência ao que pretendemos aí vem ele e já está!
Vivemos num mar de símbolos à deriva e tentamos
navegar em frotas de analogias, salvadoras bússolas da viagem em que somos
estranhos em nós.
As crias das andorinhas ensaiam a liberdade de navegar
no ar. Preparam, sem saber, a viagem que em breve as levará para muito longe,
para o desconhecido. Cumprirão o seu calendário, guiadas por um faro
apuradíssimo.
Certamente não entenderão o fascínio que ao longo dos
tempos concentramos no número sete. Nós também não temos outra razão senão a
força simbólica que lhe atribuímos. É o nosso refúgio alegórico idêntico ao
delas quando regressarem no ano seguinte ao ninho do ano anterior.
Olhei-as contemplando o brilho negro e branco do seu
porte esguio fazendo voos rasantes e ameaçadores a quem se aproxima do seu
ninho. Será que voltaremos a cruzar os nossos olhares, pensei eu.
- Estaremos de volta, aproximadamente daqui a sete
meses. Gazearam-me elas.