terça-feira, 18 de março de 2014

ABRIL_calendário 2014


ABRIL

O quarto livro de Ovídeo diz respeito a abril (aprilis, -is, s. m.) que, a princípio, era o segundo mês do ano romano. Dedicado ao culto da deusa Vênus, deusa da vegetação e da fertilidade.

Numa primeira explicação, o poeta das Metamorfoses refere-se à deusa grega Afrodite, cujo nome se prende à espuma do mar, o que teria dado origem à forma aprilis.

Eu (Ovídio) acredito que o mês de Vénus está registado na língua grega. A deusa foi denominada a partir da espuma do mar.

A segunda explicação utilizada pelo poeta é de que o nome de abril provém do verbo latino aperio, que na sua primeira aceção significa “abrir”; os antigos gramáticos criaram a forma aperelis < aperio, para explicar o nome do mês Aprilis.

Segundo Ovídio, neste mês a primavera abre a natureza, fazendo-a desabrochar.

Na verdade, porque a primavera abre então todas as coisas, e a aspereza densa do inverno cai e a terra desfigurada se abre. Aqueles lembram que o mês de abril é chamado a partir do tempo desabrochado, o qual a venerável Vênus reivindica com a mão colocada em cima.

Nesta zona do planeta, em Abril, os raios solares deixam de ser tão escassos e rasantes. Caminham para a verticalidade, aquecem os ainda húmidos solos, acordam a efervescência germinativa e consuma-se a fuga das trevas num parto tresloucado. As sementes e as árvores adormecidas sentem o tempo do seu ciclo e sabem que chegou a solene hora de se rebentarem em louca construção de existência derramando-se em florescências. Desabrocham em cores fulminantes cheias de néctar desafiando todos os olhos ainda ofuscados pela penumbra.

No quintal a araucária tem uma altura que ultrapassa em muito a cumeada da casa. Deve ter perto de cinquenta anos. Está hirta na sua triangular simetria qual seta afiada apontada ao céu. Pelo seu porte e postura impõe-se como a sénior do quintal. Por ela quase não se sente a passagem das estações do ano não fora as sementes que liberta das pinhas nos finais de cada Verão. Tudo nela é de uma geometria que arrepia ao ponto de não oferecer resistência ao vento norte que por ela passa quase sem impacto. 

Olha-se para ela e sabe-se que vê tudo de um ângulo quase maternal porque ela não adormece e, de certeza que, na sua vigília, conhece todas as “portas que Abril abriu”.