quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Argentina

De Buenos Aires à Patagónia (de 28 Dezembro 2019 a 17 Janeiro 2020)


terça-feira, 6 de agosto de 2019

São Petersburgo, Peterhof, Mosteiro Alexander Nevsky

São Petersburgo


Que prazer este dia!
Ainda em Lisboa,  reservamos o tour a Peterhof com a agência Port Travel.Pontualmente e  à hora marcada foram buscar-nos ao hotel e lá percorremos os cerca de 30 km de distância até Peterhof.

A vantagem de um tour organizado em locais como este, são evitar as longas fila para adquirir os bilhetes e o acompanhamento de um guia que ajuda a ultrapassar o ‘’mar’’ de gente que quer visitar este local.
Logo no início é preciso optar se queremos apenas visitar o parque e as cascatas ou também o grand palace.A diferença está no preço e na designação do bilhete – lower park ou lower park e grand palace.A nossa opção foi visitarmos Grand Palace e os seus jardins.
Peterhof, que em alemão significa corte/jardim de Pedro, foi mandado construir por Pedro I, para comemorar a vitória contra os suecos na batalha de Poltava.  
O palácio pretendia ser uma manifestação do poder russo e rivalizar com os palácios ocidentais.
Pedro começou a construção do palácio de Monplaisir, tendo mais tarde ampliado os seus planos, incluindo um vasto conjunto de palácios e jardins, à imagem do Palácio de Versailles.
Isabel da Rússia, filha de Pedro, o Grande, e Catarina II foram imperatrizes que foram ampliando e tornando Peterhof cada vez mais grandioso.
A construção original foi quase completamente destruída pelos nazis, que aí se instalaram e na fuga provocaram enormes destruições.Os funcionários conseguiram apenas salvar uma parte dos tesouros.No fim da guerra iniciou-se um minucioso projeto de recuperação e assim podemos agora apreciar todo o esplendor de Peterhof, antes da sua destruição.
A nossa visita começou pelo Palácio, percorrendo as suas salas luxuosamente decoradas,  onde nos apercebemos da vida faustosa do Imperador e Imperatrizes, bem como a sua corte, bem longe da miséria em que o povo se defrontava.
Seguimos depois para a grande Cascata  - A Grande Cascata  é um  ''ex-libris''.
Tem como ponto central a Fonte de Sansão, com a sua escultura abrindo a boca de um leão. Esta imagem representa a vitória da Rússia sobre a Suécia (a batalha de Poltava foi a 27 de Julho de 1709, dia de Sansão).
Aqui começa um grande canal que liga a escadaria das fontes até ao mar Báltico.A Cascata para além imponência e grande beleza, conta também com alguma tecnologia. As fontes funcionam sem uso de bombas. A água vem da nascente que fica nos jardins superiores e a diferença de altitude, foi aproveitada para gerar pressão e fazer jorrar as fontes.
Percorremos em seguida os jardins e as fontes,  até ao palácio de Monplaisir, bem colocado sobre o mar do golfo da Finlândia.
Este dia estava bastante chuvoso, o que dificultou a nossa visita aos jardins mas não retirou nenhuma da sua beleza. Apenas as fotos ficaram um pouco prejudicadas.  
De regresso a São Peterburgo, fomos diretos ao Café Literário, que surge na mesma época dos grandes cafés na Europa.
Pushkin marcava aqui presença regular, de tal modo que se transformou no café de Pushkin.
Muitos nomes da cultura russa eram visitas assíduas deste café, tal como Dostoyevski e Lermontov. 
O café Literário era um dos centros culturais mais importantes de São Petersburgo.
Satisfeitos por um almoço tardio neste café que foi finalizado com a melhor ‘’ pavlova da rússia´´ no local onde perduram os fantasmas dos grandes escritores russos.
Ainda no final do dia seguimos para o Mosteiro Alexander Nevsky, no final da avenida Nevsky. 
Mais uma homenagem, neste caso a um grande líder russo no período medieval.
Passeamos por complexo, com várias igrejas, monumentos e um cemitério, onde estão enterradas personalidades russas famosas, como Pyotr Tchaikovsky e Fyodor Dostoevsky.
A grande maioria do complexo do Mosteiro estava encerrado, pelo que, deambulámos pelos jardins e cemitério sem qualquer turista à vista! 




















































sexta-feira, 2 de agosto de 2019

A Viagem depois da viagem a São Petersburgo

Depois da viagem a São Petersburgo 

1- Infantis descobertas que regressam na idade madura

Quem dá voz à voz de um autor é a voz de cada leitor. Essa é a ressonância das palavras em transumância. Esses são os encontros que desinquietam e ampliam a possibilidade de se ser menos desumano. 
Assim, nas viagens pela leitura ou pelos sítios dos outros, quando nos dispomos a desafiar-nos, a perder-nos e a reencontrar-nos numa atmosfera desconhecida podemos questionar as certezas que pesam na bagagem. 
Onde se encontra o desconhecido se pode regressar ao sítio do espanto, ao tempo da infância ainda sem medo do medo. 

Estrangeiro em São Petersburgo, Gógol fala dela nos seus contos, condensando-a em especial, na narrativa  “Avenida Nevski”. 
Acontece que, a esse livro, eu leitora lhe dei a minha voz e, nesta ocasião, cruzando-me e percorrendo-a, durante 5 dias. 
Dupla viagem esta, estimulada mas não guiada por Gógol. 
O lastro dos 5 dias, tão pouco tempo de permanência, se prolongam na viagem depois da viagem e, essa sem tem tempo definido, incorporou-se e seguirá.

O que vive nas palavras é o que nelas cada um vê. Mesmos as mais descritivas se metamorfoseiam no contexto onde cada um as alinha e encadeia. Gógol, na página 28, fez-me estremecer quando li e reli este parágrafo. 
“Levava os lábios cerrados por todo um enxame de devaneios deliciosos. Tudo o que resta das recordações de infância, tudo o que traz sonhos e inspiração serena à luz da lamparina acesa - tudo isso parecia juntar-se, fundir-se e reflectir-se naqueles lábios harmoniosos.”

A arte e, neste caso da literatura, será aquela que consegue criar sítios de metamorfoses em que os significados e sentidos brotam instáveis e desenham caminhos de transformação.
Nas viagens pelos sítios os segredos das experiências depositam-se num algures sem coordenadas, flutuam em espera de resgate desse inacessível e aguardam que a sinapse das células aconteça.

Em São Petersburgo tantas e tão sumptuosas catedrais são de leitura obrigatória porque nelas se conservam as atmosferas dos que nelas respiraram e, no presente, ali se procura a profundidade nas diversas camadas de memória.
Em todas elas se presencia que a religiosidade não sucumbiu aos tempos em que quiseram substituir a crença no divino por outra que oferecia um paraíso não menos fantasioso. 
E haverá paraísos fora da fantasia? 
Com a incapacidade de um não crente creio que, em ambas as crenças, vive uma idêntica fé numa salvação que resgata do medo. 

E quem vive desabitado de uma crença religiosa como resgata esse medo que habita a humana condição?

Nesta interrogação sem resposta, e debaixo das abobadas douradas das catedrais, sentimentos contraditórios se abraçam num encontro apaixonado. 
Por um lado solta-se um pólen que, invadindo os crentes, os torna pesados e circunspectos e assim arrebatados se elevam em leves e invisíveis voos que aparentam submissão libertadora. Por outro lado os não crentes se enchem de uma pesada leveza interior de liberdade face àquela forma que lhes é estranha de os crentes se resgatarem do medo. 
E para os não crentes, que submissão lhes afasta o medo?

Durante a viagem por São Petersburgo esta cruzou-se com o viajar na leitura de Gogol, mas, antes desta viagem, outra as tinha imediatamente antecedido em “Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais” com Maria Filomena Molder. 

Dentro das catedrais, presenciando os ritos dos crentes, três das diversas citações selecionadas por Filomena Molder, não cessaram de pairar naqueles espaços:

“Existe entre os homens esta grande questão: o homem pode ser feliz e mortal? (in “De Civitate Dei”, S. Agostinho).

“Amar a vida mortal, isso é a felicidade. (in A Descoberta do Mundo”, Clarice Lispector).

“A condição não se cura, mas o medo da condição é curável”. (in A Descoberta do Mundo”, Clarice Lispector).

Destas três citações é mesmo curioso que o representante de uma religião seja aquele que é capaz de se/nos interrogar. Edgar Morin, no seu livro “O Homem e a Morte”, leitura já tão longínqua, ressoa agora também no horizonte destas catedrais.

Na interrogação de S. Agostinho presente-se a inevitabilidade de uma resposta onde um salvador garanta algo para depois de aqui estarmos, algo que assegura a superação da condição de termos, em vida, a presença do ser mortal. 
No jornal outra abordagem para aqui desagua, esta de T. S. Eliot (1888/1965), “A espécie humana não pode suportar muita realidade”.

Cada um olha da sua caverna e essa alegoria conforta este lugar de um não crente que, vivendo nesta incapacidade, não se apouca nem desmerece os crentes que se aconchegam nos brilhos dourados e nas imagens que cobrem as paredes e tectos das catedrais de São Petersburgo. 
Nesta incapacidade de crença penso como é grande esta criação da humana espécie. Creio mesmo, e isso já é uma crença, que a criação de Deus será a maior invenção humana que, com diversos figurinos, não o abandona. 
Engenhosa esta forma de se domesticar e de afastar o excesso de realidade.

Clarice Lispector quando afirma que “….o medo da condição é curável” dizendo que isso se faz amando a vida mortal, parece tentar responder a S. Agostinho, mas, uma interrogação se impõe, à crença de Clarice, como se sustenta esse amor pela vida mortal?

Quando se viaja pela literatura acontecem encontros que confrontam para além do reduzido mundo de cada um. Essa transumância pode retirar-nos das pequenas certezas que ofuscam a imensidão do que está no mundo dos outros. E se S. Agostinho coloca ao leitor uma questão certamente espera provocar a procura de uma resposta e se Clarice faz uma afirmação certamente desafia o leitor para procurar uma interrogação. 

Creio então que viver sem se interrogar é que não será coisa humana.
Quando isso acontece algo de desumano o atabafa. Será?
E se cada um não encontrar as suas respostas também não será coisa muito humana.

Quem se sentir muito iluminado pelas respostas que encontrar e delas fizer verdades inquestionáveis deve desconfiar de si, pois, o excesso de luz encadeia e, o seu humano ser, menos ser humano tenderá a ficar.
Donde, talvez ser mais humano é ser mais capaz de desvendar a beleza que se esconde nas diferenças. Esse talvez seja o paraíso onde belas são as diferenças que unem.


2 - O reencontro com lugares comuns ou saborear a filosofia de caserna

As grandes viagens na leitura acontecem quando os seus autores nos facultam o inesperado. E, quando esse desassossego se cruza com sítios desconhecidos, onde não sabemos situar-nos então é o acaso, esse lugar místico, onde acontecemos e de onde todos surgimos. 
Porque do desassossego dos corpos se nasce e é desse acaso que somos estes e não outros. 

As cidades também assim surgem no olhar e na pele de quem as desvenda e desse acaso são, para cada um, estas e não outras. 
Nesta São Petersburgo, aquela que, à pouco mais de 300 anos, se começou a erguer com toneladas de pesadas pedras vindas de todo o império, erguida pelo desassossego de Pedro I, para ser uma vitrine do grande império da sua Rússia e se mostrar ao Ocidente, foi o palco das extravagâncias dos Romanov, e nessa escravidão exausta se fermentou a Revolução de 1917 que a tornou Leninegrado. Essa que aguentou o cerco do absurdo ideário de Hitler na Segunda Guerra e a cegueira redentora que se lhe seguiu. Do outro lado também outras cegueiras se ergueram, até à queda de um muro que se ergueu em Berlim, devolvendo-a a ser São Petersburgo. Tantas fantasias e crenças em ambos os lados do muro se avolumaram e esvaziaram. 

Nas suas avenidas longas e largas recortadas por rios e canais se sucedem os palácios, as catedrais e os prédios robustos onde a pedra lhes suporta a solidez da sua vida tão espessa.
Esta mesma São Petersburgo, de onde se vigia o território dos perigos do Báltico, aquela que acolheu  Dostoiévski, Tolstoy, Pushkin, aquela que resistiu às invasões de Napoleão e voltou a renascer do prolongado cerco nazi, aquela que acolheu os olhos inquietos e nómadas de Gógol que, entre viagens compulsivas, foi encontrando na escrita o refúgio para o seu medo e depois na fé se aconchegou para enfrentar a prematura morte. 
Ao ler a sua nota biográfica, - “Passou grande parte da sua vida em viagens pelo estrangeiro e pela Rússia. Depois de uma lenta agonia, morreu em 1852, num estado de ascese e em grande sofrimento” - os seus encontros com a religião, “reza como um mujique”, volta a interrogação de S. Agostinho à qual parece que Gógol encontrou a resposta que ele suscitava ou talvez pressentisse a crença de Clarice, “A condição não se cura, mas o medo da condição é curável”. 

Será?…..talvez por isso viajar é preciso porque o globo é uma esFERA!

IRS


domingo, 23 de junho de 2019

Nossa Senhora de Kazan e Hermitage

São Petersburgo 
Igreja de Nossa Senhora de Kazan.
Lá dentro um ícone da Nossa  Senhora  considerada  a “Protectora da Rússia”. É a imagem mais venerada pelos ortodoxos russos.
O Ícone original, que se encontra em Moscovo, andou perdido após a revolução. Foi mais tarde encontrado por um coleccionador inglês que a vendeu ao  “Exército Azul de Nossa Senhora” e esta congregação americana entendeu que o local mais apropriado para a guardar seria em Fátima.
Foi condição que após se concretizar um dos desígnios de Fátima, a conversão da Rússia, o ícone deveria ser devolvido ao seu povo. Por lá ficou durante 20 anos.
Quando em 1993 o Papa João Paulo II visitou Fátima a imagem foi-lhe confiada e 10 anos mais tarde, finalmente, o Ícone de Nossa Senhora de Kazan voltou a casa.


Depois o Hermitage, a enorme Praça do Palácio e encontrar a entrada dos bilhetes pré-comprados que nos evitaram as longas filas de espera.
Entrámos. Na grandiosa escadaria, nos salões, nos tectos, nos candeeiros, nas portas, enfim por todo o lado o ouro brilha, o ouro do poder, o poder do ouro…
Depois a Pintura. Sendo a segunda maior colecção de arte do mundo, a outra está no Louvre.
Impossível ver tudo, há que fazer opções.
Refiro apenas  “ O Jardim das Delícias Terrenas”. É uma réplica da parte central do tríptico de Bosch cujo original se encontra no museu do Prado e cujo o autor, anónimo, foi um seguidor de Bosch.
Pintura e mais Pintura. É sabido que ao fim de algum tempo a percepção desvanece-se, o estímulo não acontece e instala-se o cansaço.
Saímos para o exterior e no Pequeno Hermitage fomos ver a vastíssima colecção de arte europeia, bem representada pelos grandes artistas da primeira metade do século XX.
Deparámo-nos com uma solução arquitectónica surpreendente e no meu entender, inteligente. Num dos pátios interiores do Palácio, por baixo de uma cobertura que deixava passar a luz natural, foi feita uma muito interessante construção ( não consegui saber quem foi o arquitecto) para aumentar o espaço expositivo. Presumo que esta construção terá feito parte do conjunto de intervenções aquando do restauro do museu, terminadas em 2014, ano em este fez 250 anos, e que terá levado o Sr Putin a dizer que o Hermitage é o orgulho da Rússia.
Aqui  vou referir um pintor russo que gosto especialmente, Kasimir Malevich  (1879-1935), e o seu “ Quadrado Negro “.
Malevich criou um movimento artístico a que chamou Suprematismo, baseado num abstraccionismo geométrico que, usando formas simples como o quadrado ou o círculo, rompeu com a arte representativa vigente.
Este não alinhamento à arte oficial Soviética fez com que fosse perseguido, preso e torturado. Morreu na pobreza em São Petersburgo. A sua obra ficou esquecida e só nos anos 70 voltou a ser reconhecido como um mestre da arte abstracta.
Entre muitos outros, também o quadro de Edgar Degas, “ Place de la Concorde” me chamou a atenção pelo inusitado enquadramento da cena, mais parecendo um acaso registado por uma máquina fotográfica.











No regresso ao hotel pudemos admirar um excelente exemplar de Arte Nova, o edifício Singer, situado na avenida Nevsky Prospekt, a principal artéria da cidade e em frente à Igreja de Nossa Senhora de Kazan.






a de Freitas

29 maio 2019

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Viagens e leituras



Nikolai Gogol

Durante a viagem de avião fomos lendo a “Avenida Nevski” de Nikolai Gogol. Quem dá voz à voz de um autor é a voz de cada leitor que com ele se cruza. 
Essa é a ressonância das palavras em transumância.

Viajar é como ler um livro e, ler um livro é como viajar. Retira-se da viagem, tal como de um livro, aquilo que faz sentido com o mundo de cada um. Retira-se de um livro mais ou menos conforme nos deixamos entrar nele e isso tudo nos transborda para dentro do que em nós já está a amadurecer. Na viagem também se retira mais ou menos conforme acolhemos mais ou menos os pólens do que nos é alheio e estranho.

Na viagem que fazemos num livro, uma parte significativa, pode facilmente ser determinada pelo seu autor se ficarmos prisioneiros nos seus enredos. Mas, se nos deixarmos ensopar por aquilo que nele desemboca no fundo de nós aí nasce o nosso sentido. Essa é a nossa viagem naquele livro.

Na viagem o viajante tem de se disponibilizar para dar espaço a uma simbiose entre ser o autor de uma narrativa e o seu leitor. Desafiar-se a perder-se e a reencontrar-se, enovelando-se sem que a meada em nó cego em nós se embarace. Abrir brechas na nossa caverna e questionar as nossas certezas.

É um desafio que facilmente pode ser ofuscado pelo fascínio de cenários luxuosos, enredos e histórias de cordel…. 


Viajar é preciso porque o mundo é uma esFERA!

IRS

São Petersburgo, Catedral Sangue Derramado, Castelo e Palácio Mikhailovsky, Campo de Mars, Fortaleza e Catedral de Pedro e Paulo, Catedral de Santo Isaac


São Petersburgo

Quando aterramos a noite cobria a cidade mas era um estranho escuro, aquele das noites brancas, com o qual a iluminação pública não consegue obter contraste. 
No percurso do aeroporto até ao hotel, as referências que o olhar buscava não se deixavam destapar, tudo se dissimulava na penumbra da iluminação das ruas diluída na noite branca. Todas pareciam iguais, compridas, largas e ladeadas por edifícios apalaçados e de grandes fachadas. Tudo parecia geometricamente planeado sem um elemento que aparente ser fruto de um acaso.

A primeira incursão, neste primeiro dia, começou pela visita ao Templo da Ressurreição de Cristo ou Catedral do Sangue Derramado. Saindo do hotel, contornámos o quarteirão e deparámo-nos com a sua densidade de formas e cores. Na configuração daquele local sente-se um clima mais orgânico embora muito circunscrito, parece que o planeamento sucumbiu só naquele recanto. O espaço que a ladeia é reduzido mas a igreja impõe-se e destaca-se, com as suas formas curvas e coloridas, no meio de tanta retidão circundante. A densidade do seu corpo, que se sente no seu exterior, supera-se no seu interior. A massa das paredes e elementos estruturais adensa-se com a profusão de imagens.  



                             

                      



                          

Catedral do Sangue Derramado/Templo da Ressurreição de Cristo - é uma igreja ortodoxa, situada na margem do canal Griboyedov, próximo do parque do Museu Russo e da Nevsky Prospekt. A igreja foi construída no local onde o Czar Alexandre II da Rússia foi assassinado, vítima de um atentado no dia 13 de março de 1881. A sua construção decorreu entre 1883-1907 e os seus  Arquitectos foram Alfred Parland e Arquimandrita Ignácio.


Muito perto da Catedral, no Palácio Mikhailovsky está instalado o Museu Russo que alberga uma vasta coleção com cerca de 400 mil obras, de todas as escolas e géneros. Está fechado à terça feira e por isso não o visitámos.
Seguimos em direção ao Castelo Mikhailovsky. Este Castelo fica situado nas margens dos rios Moika e Fontanka. Na outra margem do rio Moika situa-se o Campo Mars

                           



Castelo Mikháilovski - O Castelo Mikhailovsky foi construído como residência para o Imperador Paulo I, pelos arquitectos Vincenzo Brenna e Vasili Bazhenov, entre 1797 e 1801. O palácio tem uma aparência diferente em cada um dos lados, uma vez que os arquitectos usaram os motivos de vários estilos arquitectónicos, tais como o Classicismo francês, o Renascimento italiano e o Gótico. 

Atravessámos o Rio Fontanka pela Ponte Panteleymonovskiy para termos acesso às diferentes  fachadas que este Castelo tem e voltámos para trás para podermos percorrermos o Campo Mars onde está o jardim de Verão.




Campo de Mars (1924) - Marsovo Polye  é um grande parque em homenagem a Marte, o deus romano da guerra, situado no centro de São Petersburgo, com uma área de cerca de 9 hectares. Próximo ao Campo de Mars, a norte, estão o Palácio de Mármore, a Praça Suvorova e as casas de Ivan Betskoy e Mikhail Saltykov. A oeste está o Quartel do Regimento Pavlovsky. E a sul está o rio Moika.        

Daqui seguimos em direcção ao Palácio de Mármore nas margens do rio Neva.



Palácio de Mármore (1768-1785, Arq. António Rinaldi) -  localiza-se entre o Campo de Mars e o Cais do Palácio, a pouca distância, para leste, do Palácio de Inverno. Foi o primeiro palácio neoclássico da cidade.


Na outra margem do Rio Neva, avista-se a fortaleza de Pedro e Paulo, na Ilha das Lebres, onde está a Catedral Pedro e Paulo. E ela chegámos travessando o rio Neva pela Ponte Troitskiy.






































Fortaleza de Pedro e Paulo - Foi esta fortificação que deu origem à actual cidade. A sua construção foi feita por determinação do Czar Pedro, o Grande, com a finalidade de defender esta região dos ataques das tropas suecas, que dominavam o mar Báltico durante a Grande Guerra do Norte (1700 –1721). O centro do conjunto da antiga fortaleza é ocupado pela Catedral de São Pedro e São Paulo.

 


Catedral de S. Pedro e S. Paulo - catedral ortodoxa russa erguida entre 1712 e 1733 no centro da Fortaleza de São Pedro e São Paulo


Depois desta visita apanhamos o barco e fizemos um circuito pelos canais.





Terminado o passeio de barco, no cais junto à Praça do Palácio onde estão os diversos núcleos do museu Hermitage. Pudemos apreciar a sua amplitude. Saímos dela através do arco fronteiriço ao Palácio de Inverno. Percorremos essa pequena rua e o cansaço pesava. Num momento de repouso, descobrimos que aquela avenida que estava à nossa frente era a Avenida Nevski. 





Para terminar a jornada fomos visitar a igreja de Santo Isaac. O horário das visitas é ao final do dia. Esta opção proporciona uma visita serena e sem as habituais multidões.
No seu exterior impõe-se a cúpula de 21,8 metros de diâmetro banhada a ouro (cerca de 100Kg) suportada por um corpo de clássica e sóbria aparência com colunas e frontões de pedra.
No seu interior há uma sensação de amplitude e a decoração é profusa e em materiais muito diversos e qual deles o mais requintado. Desde as colunas em lápis-lázuli e de outras revestidas em malaquita, até aos diversos revestimentos em mármores.

                           

                            



Catedral de Santo Isaac - é a maior e mais sumptuosa catedral ortodoxa de São Petersburgo. A catedral, dedicada ao padroeiro de Pedro, o Grande, foi construída entre 1818 e 1858 em estilo maioritariamente  neoclássico e o seu Arquitecto foi Auguste Montferrand.


Os dourados ofuscam quando refletem a luz do sol. No exterior e no interior das catedrais e igrejas ele abunda. 
Tanta opulência em cenário histórico imperial remete para a quase inviabilidade de acontecimentos igualmente radicais daqueles que só serviam para os construir.
Passados os tempos desses grandes desequilíbrios hoje sente-se outro clima que aparenta trilhar caminhos de maior equidade.

No percurso pela Nevski, já era noite branca e, nos seus espaçosos passeios várias bandas rock instalavam os seus instrumentos e tocavam os seus repertórios. 
De regresso ao hotel surpresa das surpresas, andando pela Avenida Nevski, ao virar numa das suas esquina, ali estava o nosso hotel.