quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Camboja


Camboja, numa caixinha

Camboja, vindo do vizinho e tão diferente Laos.

Primeiras impressões
Do avião: paisagem em quadrícula, com o que parecem lagos traçados a régua, arvoredo disperso, as reconhecíveis palmeiras, arrozais ou zonas alagadas.

Sai-se do aeroporto e a avenida que nos conduz ao hotel, em Siam Reap, a Airport Road, é a de uma grande cidade: hotéis, restaurantes, supermercados, trânsito organizado. Os tuk tuks parecem ter outra consistência e conforto do que no país que deixáramos.

No hotel, um enxame de empregados rodeiam-nos com pequenas toalhas geladas servidas à pinça, bebidas de acolhimento, ofertas e pedidos a que ninguém sabe ainda dar resposta, tudo é demasiado recente, demasiado insistente.

Dinheiro
Primeira surpresa para o turista desprevenido: dizem-nos que devemos pagar tudo em dólares! Não os tendo, devemos levantá-los no MB, ou trocar os euros que levamos. Trocar dinheiro para a moeda nacional, o riel, é inflacionar e infernizar a vida.

Sorriso

Paul Theroux fala do sorriso esfíngico das cambojanos, à semelhança do das estátuas khmers, um sorriso que torna opaca a visibilidade da emoção sentida, da experiência vivida...

 Siam Reap

Passeamos de noite em Siam Reap em euforia, porque a cidade assim se oferece, em cores e néons, do suk às lojas sofisticadas.  Admiramos os edifícios de influência francesa, chinesa, art-déco, tradicionais...

Uma cidade para o turista: hotéis, restaurantes, casas de massagem, lojas e bancas de comida... uns atrás dos outros. E preços quase europeus para muitos produtos...

Os templos de Angkor
O que faz correr as pessoas para Siam Reap é tudo o que o viajante sabe ou intui.
Os templos de Angkor.
De cair de joelhos e agradecer a Naga que nos fez aqui chegar.
(Tentar abstrair das dezenas de pessoas a fazer selfies à frente de tudo o que se quer ver com calma...).

Phnom Penh
Cidade fervilhante e de grandes contrastes. A zona ribeirinha, cheia de cafés e restaurantes. O Mekong. Os mercados tradicionais e o Mercado Central com o seu edifício art Déco. As ruas cheias de motos e motos, e tuk tuks, e pessoas, de famílias a viverem nelas, e um contínuo no tempo e espaço de tendas e carrinhos de comida.Os cheiros. A zona das embaixadas de avenidas largas. As marcas dos tempos recentes no meio do quotidiano: a prisão de Tuol Sleng dos anos 70, um antigo liceu e museu do genocídio. A zona e os edifícios do palácio real. Os templos.

O corpo continua a ressentir-se da mistura de calor, humidade e dos gélidos ares condicionados, mas o espírito da cidade aguça-nos o apetite de ver e conhecer, a energia é outra.

Gostamos de visitar  (e de comprar algumas coisas em) os Artisans d’Angkor, projecto co-financiado pela UE de valorização e promoção dos artesãos e artes tradicionais.

Sabemos aí que o ordenado mensal de uma enfermeira é de 50 USD e o de um professor de 60 USD, e que tudo falta nas escola....

Comparamos os valores ditos com o preço inicialmente pedido no hotel pela lavagem de uma camisa: 4USD...

Gostamos também de nos sentar no FCC, no Foreign Correspondent Club, e de jantar num restaurante aconselhado por uma australiana que regressa periodicamente à cidade “for the fun”, onde comemos pela primeira vez um peixe inteiro cozido a vapor, fresquíssimo e saboroso. Os donos são uns dos poucos idosos com que contactámos! Falam Francês, é “o velho mundo”.
Pensamos no passado, esquecemos o presente....
O taxista que nos conduz no final ao aeroporto faz-nos recordá-lo: a impossibilidade de escolher quem governa, a construção de condomínios de luxo e a deslocação forçada de pessoas, os ordenados baixíssimos, a repressão...


Jovens... e velhos
Jovens, jovens... em todos o lado. Como no Laos. É impressionante. Raramente um idoso (a expectativa de vida só a partir de 2000 ultrapassou os 50 anos, e, depois, há a(s) guerra(s) recente).

Mas muitos velhos europeus com jovens apsarás...

Algumas notas
1 Aconselha-se a viagem Laos / Camboja em Novembro, ou Dezembro... e moderação nos percursos e circuitos. O grupo de “séniores” que fez a viagem em Outubro teve, por vezes, dificuldades com a mistura de grande calor, humidade, ares condicionados e ambicioso plano de viagem...
2 Regatear, regatear: do tuk tuk ao tour organizado, da lavagem de roupa no hotel à massagem, do objecto ao trapo..... e, mesmo assim, raramente se chega à conclusão de se estar a pagar o preço devido...
3 Foram-nos úteis os guias de viagem que consultávamos amiúde.
4 Leitura extra feita: Combóio Fantasma para o Oriente, Paul Theroux, ed. Quetzal

t.





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