quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sines Viagem 2013 RELATO VI


VIAGEM 2013 - RELATO VI
Sinais de Sines

Os sinais só dizem mesmo o que lhes é atribuído. É uma geométria mensagem univoca.

Mas as palavras não se deixam encurralar assim.

Podemos entender a vida como se de uma grande viagem se tratasse. Viajar poderá ser procurar-se. Escrever as pequenas viagens poderá ser encontrar-se aos poucos.

Será que estaremos aqui com o único propósito de encontrar a razão porque aqui estamos?

Escrever a viagem pode ser como um desenho invisível revelado em imagens virtuais que poderão, ou não, fluir e florescer na atenção de quem descodificar os caracteres e a sequência dos seus acasalamentos. As palavras, às vezes, doem e ferem quando nos fogem as certas, numa hemorragia que lhes sangra a alma e o desenho codificado fica oco e mudo a flutuar.

Por isso a tentação da imagem é grande. Mas fotografar exige tanto tempo e atenção como encontrar as palavras banais que, quando unidas, se tornam únicas.

Será redundante acrescentar palavras a uma imagem ou vice-versa. Uma fotografia não vale nem menos nem mais do que as palavras, porque ela mesma, se for mais do que um registo mecânico e descritivo, tal como as palavras, se bastará.

E assim, no relato VI desta viagem me calo, para que, no silêncio absoluto, se oiça a força dos sinais de Sines.

 

 
Isabel D. R. Silva

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