VIAGEM 2013 - RELATO VI
Sinais de
Sines
Os sinais só
dizem mesmo o que lhes é atribuído. É uma geométria mensagem univoca.
Mas as palavras
não se deixam encurralar assim.
Podemos
entender a vida como se de uma grande viagem se tratasse. Viajar poderá ser
procurar-se. Escrever as pequenas viagens poderá ser encontrar-se aos poucos.
Será que
estaremos aqui com o único propósito de encontrar a razão porque aqui estamos?
Escrever a viagem pode ser como um desenho invisível revelado em
imagens virtuais que poderão, ou não, fluir e florescer na atenção de quem
descodificar os caracteres e a sequência dos seus acasalamentos. As palavras,
às vezes, doem e ferem quando nos fogem as certas, numa hemorragia que lhes
sangra a alma e o desenho codificado fica oco e mudo a flutuar.
Por isso a tentação da imagem é grande. Mas fotografar exige tanto
tempo e atenção como encontrar as palavras banais que, quando unidas, se tornam
únicas.
Será redundante acrescentar palavras a uma imagem ou vice-versa. Uma
fotografia não vale nem menos nem mais do que as palavras, porque ela mesma, se
for mais do que um registo mecânico e descritivo, tal como as palavras, se bastará.
E assim, no relato VI desta viagem me calo, para que, no silêncio
absoluto, se oiça a força dos sinais de Sines.
Isabel D. R.
Silva
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