quarta-feira, 23 de abril de 2014

MAIO_calendário 2014


MAIO

No início do poema dedicado ao Maius, Ovídio apresenta uma discussão sobre o nome do mês, sugerindo várias hipóteses. Na primeira hipótese, o nome do mês poderá estar relacionado com a deusa Maia (pequena mãe), responsável pelo crescimento das plantas, mãe de Mercúrio que era protetor da medicina e das ciências ocultas. Por esse motivo, Maius era chamado "o mês do conhecimento". Outra possibilidade descrita pelo poeta refere-se ao facto de que o mês era também dedicado aos antepassados: aos Maiores, ou seja, aos mais velhos. Havia, neste mês, uma festa dedicada aos que já haviam partido: os Lêmures, almas dos mortos que aguardavam o descanso eterno. Ovídio não toma partido pela origem que poderá ser a mais acertada.

Já nesse tempo, os tempos vão comendo as origens e quem vai chegando acede só ao que resta.

Nesta altura do ano há sempre um lastro de trovas pelos ares. Maius maduro Maius ouve-se em coro rochoso quando ao entardecer se percorre o areal despovoado de S. Torpes ou da Vieirinha. As rochas sabem-no bem porque o seu conhecimento é fruto da experiência das cíclicas vivas marés. Fixas, pesadas e brilhantes quando molhadas respiram passados vulcânicos guardados em relíquias sedimentares que agasalham todos os rugidos da construção do universo em si.

O Mauis está ali nelas, efervescente como a espuma salgada que vai dançando e desfazendo-se e, vem crescendo espraiando-se em abraços de acumulada sabedoria.

Por isso, em Maio, deve ouvir-se à exaustão a densidade das rochas e voltar a ler-se todos os poetas.
 
 

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