sábado, 17 de novembro de 2018

Índia

Coulão (Kollan/Quilon)

Começámos o dia com a viagem de Verkala até Coulão. 
Antes de nos aproximarmos da baia onde iríamos ver o local das edificações construídas pelos portugueses, parámos no centro da cidade e fomos passear pela zona do mercado. 




Coulão foi um dos principais portos da costa do Malabar do princípio da era cristã. Os cristãos de S. Tomé tiveram lá desde o séc VII e, no início de quinhentos, constituíam já uma grande comunidade. 
Anteriormente já lá tinham estado Romanos e Fenícios. Era grande o comércio de pedras preciosas, especiarias e sedas. As relações  comerciais com a China remontam ao séc. X. 
Marco Pólo passou por lá por volta de 1293. 
A feitoria portuguesa estabeleceu-se em 1503 e o forte de São Tomé foi construído em 1514 para fazer face às sucessivas investidas dos mercadores muçulmanos. 
O palácio do governador foi construído na primeira metade do séc XVI.

Apesar de ter sido relativamente fácil os portugueses entenderem-se com as autoridades de Coulão para se estabelecerem e desenvolverem actividades comerciais, as frequentes investidas dos muçulmanos, que reagiam à chegada destes inesperados concorrentes, seguida pela intervenção de  holandeses e depois de britânicos acabaram por ditar a saída dos portugueses em 1661, data da invasão holandesa.
Para saber mais poderá consultar a “Historia do descobrimento e conqvista da India pelos Portvgveses” de Fernão Lopes de Castanheda. Se não tiver o livro pode ir através do Google Livros, através do seguinte link:

Do Forte de São Tomé e do Palácio do Governador o que restará mesmo do tempo dos portugueses serão pedras das fundações submersas pelos escombros de sucessivos abandonos e  reconstruções feitas pelos holandeses e depois pelos ingleses. De qualquer forma, destas sucessivas presenças, elas são testemunho. Para saber mais pormenores sobre as principais peripécias do Forte de São Tomé e do Palácio do Governador sugerimos também a consulta do site da Fundação Calouste Gulbenkian, Património de Influência Portuguesa (hpip.org).

Pudemos deambular pelas ruínas e imaginar como essas edificações se relacionavam com a baía. As diversas gravuras e desenhos também nos proporcionaram completar o que ali já não não existe. Alguns mapas estão disponíveis em:

Ao olhar para a gravura e ver aquela baia repleta de embarcações facilmente se percebe a sua importância.



Legenda:
Gravura, autor desconhecido, in:”Wouter Schouten`s traves into the East Indies (2nd. ed.)”, Amesterdão, 1708. Observe-se a quantidade de embarcações da “Companhia Neerlandesa das Índias orientais”, ancoradas na baía.

Outra disponível no mesmo site reporta-se ao tempo da ocupação portuguesa.


Legenda:
Coulão, Detalhe de Atlas Português, 1630. A legenda reza: “COVLÃO em Altura de 9 G e 6 minutos Sep / tentrionaes na costa da Índia. A Fortaleza foi / fum dada pelo Vizo Rey Dõ fr.co dalmeida / o Anno 1505”. Desenho aguarelado, autor desconhecido, c. 1630.

Por último outra gravura que ajudará a imaginar o que as ruínas actuais evocam.



Legenda:
Esta gravura faz parte de um conjunto de 48 desenhos que compõem o códice “Livro das Plantas de Todas as Fortalezas, Cidades e Povoações do Estado da Índia Oriental” de António Bocarro, no séc XVII.
Estas plantas são da autoria de Pedro Barreto de Resende, o qual foi forçado a cedê-las a António Bocarro, para que se pudesse executar a encomenda régia do códice.
Isabel Cid,Imprensa Nacional -Casa da Moeda, volume III Estampas, 1992

O que resta








Havia trabalhos de conservação e foi com satisfação que verificámos que as argamassas a utilizar respeitavam as utilizadas ao tempo. Nos textos da página do Património de Influência Portuguesa da FCG, podemos confirmar a composição dessa argamassa.
“As actuais ruínas correspondem ao torreão que encostava directamente sobre a antiga muralha, sendo ainda visível um troço de parede com um friso de ameias de remate cónico. A permanência em pé destas altas e grossas paredes, que todos os anos recebem a forte erosão das monções, deve-se, sem dúvida, ao desenvolvimento pelos portugueses de argamassas de alta resistência, com base em cal de ostra, resistente à água, que, como Gaspar Correia descrevia, quando endureciam nem o picão as partia”.



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