domingo, 4 de novembro de 2018

Índia

Casa das famílias Pereira e Menezes de Bragança em Chandor

Situada em Chandor a poucos quilómetros de Margão, encontra-se uma casa senhorial do século XVII recheada com uma grande diversidade de antiguidades, provindas de várias regiões do mundo, coleccionadas ao longo de sucessivas gerações.
Este edifício foi construído por dois irmãos goeses que adoptaram o nome da família  real portuguesa. A família possuía um enorme conjunto de terras das quais provinham abastados rendimentos. 
A casa com grande dimensão foi construída para albergar as duas famílias. É uma das maiores mansões de estilo colonial em Goa, dominando a principal praça daquele lugar.
Ė uma casa composta de dois pisos e com uma fachada com vinte e oito janelas e cuja entrada principal, ao centro, dá acesso através de uma imponente escadaria às casas de cada ramo da família.
Pereira de Bragança bisavô de um dos actuais proprietários, ocupa a ala esquerda do edifício,  foi o último cavaleiro da coroa portuguesa. O lado oposto é propriedade da família do jornalista, Menezes de Bragança (1878-1937), que foi um dos poucos aristocratas goeses que se opôs ao domínio colonial português na Índia. Por tal facto teve que fugir de Goa em 1950, retornando apenas em 1963. Quando chegou a Chandor a casa estava surpreendentemente intacta.
No século XIX os patriarcas das duas famílias receberam da coroa portuguesa títulos de nobreza e brasões.

O edifício está dividido em duas partes, cuja propriedade pertence a cada um dos ramos da velha família. A do lado esquerdo é habitada pela família Pereira de Bragança que nos recebeu com grande cordialidade acompanhando-nos pelos vários espaços com explicações detalhadas num português correcto.
O piso desta habitação está coberto de ladrilhos de épocas diversas, estando cada um dos espaços com móveis para cada função e decorados com gravuras, porcelanas e uma panóplia de objectos carregados de história. O grande salão de baile, no qual casou a nossa anfitriã, que foi restaurado recentemente, exibe um grupo de cadeiras oferecidas pelo rei D. Luís. Nesta ala da casa exibe uma pequena capela na qual se encontra depositada uma suposta relíquia de São Francisco Xavier, diz-nos que se trata de uma unha do dedo do pé.
Na ala pertencente à família Menezes de Bragança fomos recebidos com uma certa frieza e impedidos de fazer qualquer fotografia. Aqui sobressai a enorme biblioteca, pois os restantes espaços são similares, exibindo também um conjunto de móveis e uma diversidade de objectos que testemunham um passado cheio de história. Abundam as famosas e raras porcelanas chinesas.

Num sítio que, para nós parece longe de tudo, imagina-se a sua lonjura nos tempos passados e fica-se incrédulo como tanta coisa de sítios tão diferentes e com tantos séculos que aqui vieram parar. Do extremo oriente até à Europa este foi o centro do mundo desta simbiose entre as aristocracias do oriente com as do ocidente.
Esta viagem esteve muito centrada nos vestígios actuais da relação indo portuguesa. Ela perpetua-se sobretudo nos edifícios religiosos e fortificações e nas pedras que, em ruínas, ainda os insinuam e evocam, por isso, face ao domínio que tiveram nas nossas visitas, foi muito curioso este inesperado  contacto e encontro com pessoas e locais que testemunham uma outra faceta desta relação de povos/culturas. 


 









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