sábado, 13 de outubro de 2012

Jodhpur: marajás e palácios

Jodhpur: marajás e palácios

Jodhpur, segunda cidade mais populosa do Rajastão. Iniciámos a visita ao cenotáfio e memorial do marajá Jawant Singh II (1878/95), mandado erigir pela sua mulher.

Quisemos saber se ainda existiam marajás. Explicação do guia: durante as longas conversações para a independência (1947), os marajás formaram um grupo de pressão de forma a poderem manter o seu estatuto e privilégios, conservaram assim os seus palácios, terras e isenção de impostos. Chegada ao poder Indira Gandhi aboliu estes privilégios, e como se poderá depreender eles não gostaram nada, mas não emigraram. Reconverteram-se, tornando-se empreendedores. Alguns transformaram os seus palácios em hotéis, rentabilizaram as suas terras e obviamente continuaram ricos (que eles não são parvos, os ricos, e os marajás também não). Hoje a dignidade do cargo que antes ostentavam é meramente simbólico.

O forte Mehrangarh é até a construção mais imponente que vimos. Erigida num sólido monte, onde parte dos alicerces foram talhados na própria rocha, tem uma altura impressionante com uma espantosa vista sobre a cidade (lá de cima não se vê o lixo), onde se avistam manchas de casas pintadas de azul, mistura de índigo com sulfato de cobre, cor essa que dá o nome à “Cidade Azula”. Estas casas eram inicialmente pertença de famílias da casta bramam, mais uma forma de identificação. Actualmente outras pessoas as pintam da mesma cor por se achar que afastam as moscas.

Na maior democracia do mundo a diferenciação entre as pessoas é enorme e começa por se fazer sentir no vestuário. Tudo o que vestem tem um valor simbólico e religioso, na forma e na cor. São os vários tipos de saris e véus, nas mulheres, turbantes nos homens, que lhes serve para os cobrir do sol, mas também o usam como almofada quando se deitam no chão.

Voltando ao forte, lá dentro encontrámos um palácio ainda esplendoroso. Salas de festas, de recepções, de cobrança de impostos, onde a todos nos pareceu ver, atrás de uma grande mesa de mármore, o nosso Gaspar.

Novamente o mesmo rendilhado (Jalis) em arenito rosado, arcos em meia-lua protegendo as janelas, portas de madeira com aplicações em metal e, novamente aqui, como em todo o lado, as zonas residenciais das mulheres claramente separadas das dos homens. Percebe-se pela leitura das fachadas qual o lado habitado pelas mulheres. Janelas muito pequenas onde só cabe uma cabeça. No outro lado dos homens têm grandes janelas e até varandas.

Pormenor interessante na sala de audiências, já um pouco degradada, é o revestimento de estuque ao qual foi acrescentado pó de madrepérola, mistura essa que depois de polida apresentava um brilho mate que sugere mármore.










1 comentário:

  1. Angela, a menina tem um belo fato! e gostei da pintura do kama sutra! quem tirou?

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